O doente hipocondriaco é alguem que está em constante sofrimento, como é que sabemos que alguem tem essa doença, quais os sinais, não aqueles mais óbvios mas aqueles que estão por detrás de cada crise, está definitivamente relacionado com alguma alteração da função cerebral, o que leva estas pessoas a verem o mundo tão negro, elevado egocentrismo? Falta de auto-estima? Falta de atenção? Gostaria sinceramente de ler os vossos comentários, se possível fôr.
Conhecida vulgarmente como «mania das doenças», a hipocondria pura atinge cerca de dez por cento da população portuguesa, mas, com o início da Primavera, as pessoas com profissões mais desgastantes começam a ficar obcecadas com algumas doenças e esta ansiedade pode atingir cerca de 40 por cento dos portugueses. É o cansaço, o "stress" e a necessidade de férias.
A hipocondria é uma doença psiquiátrica que consiste no receio ou convicção, sem fundamento, que se tem ou vai ter determinadas doenças, normalmente graves. Uma dor de cabeça é encarada como um problema no cérebro, uma mancha no corpo como um cancro na pele, um batimento do coração mais acelerado como uma doença cardíaca. Tiram a temperatura várias vezes ao dia, examinam frequentemente o corpo atrás de um tumor e passam o dia a falar de doenças e do sofrimento.
O hipocondríaco não é, no entanto, um doente imaginário, mas sim alguém que apresenta uma verdadeira doença crónica, uma perturbação perceptiva, cognitiva e psicológica que provoca sofrimento real. Esta preocupação causa-lhe um sofrimento considerável e, muitas vezes, interfere negativamente em áreas importantes da sua vida, como a profissional e social.
Perante este medo, recorre sistematicamente a médicos – primeiro aos do Serviço Nacional de Saúde e, depois, porque não acredita que não tenha nada, aos particulares –, faz exames atrás de exames e recorre à automedicação tendo por base sintomas relatados por pessoas que têm, de facto, doenças graves.
Figueiredo dos Santos, médico de clínica geral, explicou ao PortugalDiário que muitos dos hipocondríacos que recorrem à sua consulta «já foram a outros médicos e vão documentados com exames. Querem mesmo estar doentes. Conhecem tudo sobre as doenças, mas interpretam mal todo o tipo de sensações corporais inofensivas».
Este clínico considera que a hipocondria é «pior do que uma doença, é preciso desmontá-la, não devemos dizer logo que não têm nada, o melhor é "pegar" numa coisa pequena, inofensiva, e fazer com que se concentrem nisso, ao mesmo tempo que os tranquilizamos». A tranquilidade, acrescenta, «tem de ser extensiva ao seu dia-a-dia porque senão encontram um amigo ou um conhecido que tem uma doença, lhes fala dos sintomas, e isso vai criar-lhes mais problemas».
Precisamente porque os hipocondríacos precisam de apoio e atenção, este médico de clínica geral procura fazer sempre uma primeira abordagem e dedicar tempo a este tipo de doentes e depois encaminha-os para um psicólogo ou, nos casos mais graves, para um psiquiatra.
Figueiredo dos Santos acrescenta ainda que a entrada da Primavera «é terrível para os grupos etários mais jovens e com profissões mais desgastantes. As ansiedades e os medos surgem muito nesta altura, principalmente nos estudantes, professores, bancários e também jornalistas». Entre os mais idosos, o medo das doenças é mais frequente no Outono e no início do Verão, «quando os familiares vão para férias».
Perfil do hipocondríaco
Independentemente do seu comportamento, os hipocondríacos têm um ponto em comum: não gostam de ser reconhecidos como tal, já que a conotação pejorativa da palavra faz com que surja associada a fraqueza, queixas infundadas e aborrecimento para as outras pessoas. Para além disso, é partir do princípio que não têm nada, quando eles acreditam que têm.
O início da doença é muito variável e é um erro pensar-se que está associada à terceira idade. Pesquisas recentes indicam, aliás, que o problema pode ter raízes na infância na sequência da excessiva preocupação dos pais com a saúde dos filhos e o desejo das crianças de continuarem a receber a mesma atenção obtida durante uma doença verdadeira.
Já a estrutura psicológica do indivíduo, com traços de baixa auto-estima, introversão e uma atenção demasiada relativamente aos seus sinais corporais, parece ser decisiva para o desenvolvimento da hipocondria.
banda sonora não original
intervalo!! Praquê? PraCafé...